O Risco do Plebiscito

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Muitas críticas foram lançadas sobre a decisão de secessão do Reino Unido da União Europeia (UE). A paixão política dos derrotados no plebiscito pouco difere da expressada pelos patéticos representantes do vitorioso Brexit. Os dois não representam o que o Reino Unido deseja para seu povo interna e externamente, numa distorção provocada pelo mau uso do plebiscito.

O Reino Unido é um modelo pragmático de democracia capitalista, apto a enfrentar os desafios do século 21. Uma visita aos países que compõem a Grã-Bretanha confirma a sentença anterior sob a perspectiva do coletivo. Ao observar o britânico individualmente, porém, toda essa modernidade é contestada. Esse é o problema do plebiscito, que premia o individualismo.

O “s i m” e o “n ã o” podem ser pragmáticos como se diz do povo britânico, nas não ajuda muito o dinâmico, contestador, anárquico do povo britânico. Em outras palavras, o parlamento do Reino Unido é o berço da democracia representativa que admiramos hoje, lamentavelmente maculada pelo desastrado ato de um primeiro ministro para atender seus interesses pessoais de poder. O parlamento não teria adotado tal decisão intempestiva caso lhe fosse dada a oportunidade.

A falta de representação reclamada pelos britânicos e boa parte dos europeus de bom senso em relação à UE não se resolve por plebiscito ou referendo. Temas delicados e caros para as nações europeias, como a manutenção ou saída de um país da UE jamais poderiam ser objeto de plebiscito.

A secessão decidida em plebiscito foi incapaz de gerar efeitos jurídicos imediatos para britânicos e europeus. Pode ser que a retirada do Reino Unido da UE se dê só no plano político decisório. Ninguém aposta que as relações econômicas e sociais sejam descartadas. Fica a lição para melhorar o modelo de representação comunitário e se evite o plebiscito nos outros países-membros, para o bem da UE.

Créditos: DCI

 

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