A Crise do Rolimã

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Declaração do presidente da FCA evidencia crise no setor de autopeças

A declaração do presidente da presidente da FCA para a América Latina, Stefan Ketter, sobre a falta de rolimãs no mercado revelou o grave quadro da crise no setor de autopeças. A Volkswagen teve, inclusive, que paralisar suas fábricas de Taubaté e São Bernardo do Campo por não possuir mais componentes para a montagem de veículos. As fornecedoras não reúnem condições sequer para produzir para o número de veículos reduzido do mercado nacional. Estamos, portanto, no ápice da chamada Crise do Rolimã.

Na década de setenta o rolimã era o sonho de consumo de todo o menino, ávido por adquirir esse componente para montar seu carrinho. Lembro da disputa de amizade daqueles meninos cujos pais trabalhavam nas fábricas de autopeças. Na escola esses amigos eram rapidamente identificados quando se organizavam as excursões para visitar as imponentes indústrias. Obtidos esses objetos do desejo, todos punham-se a projetar criteriosamente os bólidos e testá-los nas ladeiras da cidade. Um erro de projeto poderia causar derrotas nas corridas, além de alguns hematomas.

Enquanto meninos experimentavam carrinhos de rolimã, tecnocratas recém-oriundos das universidades eram cooptados para Brasília, onde iniciaram a era dos planos econômicos, com a mesma ousadia dos projetistas mirins, porém as consequências de seus erros de projeto seriam sentidos na população em geral e, especialmente, no capital produtivo da indústria automotiva. O processo de desindustrialização hoje em estado agudo decorre em grande parte do experimentalismo tecnocrata, que tornou a vida impossível para o investidor.

Aos tecnocratas se somaram presidentes da república salvadores da pátria e secretários de fazenda pródigos. Todos testaram seus ousados projetos, mas quem ficou no carrinho de rolimã ladeira abaixo foi o contribuinte. A desindustrialização do setor de setor de autopeças provocou a desestruturação do sistema tributário. O modelo de tributação brasileiro leva em conta a produção industrial na composição de sua cesta de arrecadação. Sem a indústria, novos atores desse processo, os agentes de política fiscal, partiram para o tudo ou nada.

Esses agentes experimentaram também, sufocando a indústria de autopeças. A substituição tributária e a não-cumulatividade do PIS/Cofins e ICMS são os principais instrumentos de desestímulo ao investimento produtivo. A indústria de autopeças está atualmente endividada e sem capacidade contributiva. Será preciso mais do que o “motor de arranque” keynesiano para salvar a “crise do rolimã”.

Via: Automotive Business

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